O uso de coprodutos na alimentação de vacas leiteiras é uma alternativa viável para diminuir os custos sem afetar o desempenho dos animais.

A dieta de vacas leiteiras tem o milho e o farelo de soja como principais ingredientes concentrados. Em épocas de preços elevados desses insumos, é importante que o produtor busque alternativas que reduzam o custo com a alimentação e que não afetem o desempenho dos animais.

O que são coprodutos?

Os coprodutos são resíduos industriais obtidos a partir do processamento de grãos, frutas, álcool, lavoura e alimentação humana. Apresentam bom valor nutricional e podem ser utilizados na alimentação dos ruminantes substituindo parte do milho e da soja, reduzindo o custo da dieta e/ou favorecendo o ambiente ruminal.

Como os coprodutos são classificados?

São classificados como volumosos ou concentrados, proteicos ou energéticos, assim como os demais alimentos utilizados na produção animal. Alguns coprodutos possuem funções de concentrado e volumoso, como é o caso do caroço de algodão, que possui alto teor proteico e energético e tem boa efetividade da fibra, podendo ser utilizado para substituir parte do concentrado ou do volumoso na dieta.

Caroço de algodão coproduto na alimentação de vaca leiteira

Principais coprodutos utilizados na alimentação de vacas leiteiras

Coprodutos Energéticos

  1. Polpa cítrica: é um coproduto da fabricação de sucos concentrados, principalmente de laranja, composto por cascas, sementes, bagaços e frutas descartadas. O valor energético corresponde de 85 a 90% do milho e o teor proteico é um pouco menor. Possui elevado teor de pectina, um carboidrato estrutural de alta degradabilidade ruminal com fermentação acética, que reduz o risco de acidose ruminal quando comparada ao milho, cuja fermentação resulta em lactato e propionato.Estudos mostram que se pode substituir 100% do milho por polpa cítrica para vacas que produzem até 20kg de leite/dia. Para vacas de maior produção, inclusão acima de 30% reduz o consumo de MS e a produção de leite.
  2. Casca de soja: é resultante do processamento do grão de soja para extração do óleo, farelo e lecitina. É composta principalmente por fibra, possui baixo teor de amido e proteína em torno de 12%. A fibra possui alta digestibilidade, com grande quantidade de celulose e hemicelulose, e baixo teor de lignina. Em alguns estudos o desempenho de vacas alimentadas com casca de soja substituindo parcialmente o milho (50%) não foi afetado.
  3. Farelo de trigo: é obtido através do processamento do grão de trigo para produção de farinha para consumo humano. Por possuir alta digestibilidade, tem sido muito utilizado para substituir os grãos de cerais. A energia contida no farelo é bem parecida com a energia dos grãos, porém ela está contida na forma de fibra, e não de amido. Segundo alguns estudos, pode substituir até 60% do milho sem que haja alteração no consumo e no desempenho dos animais.

Coprodutos Proteicos

  1. Caroço de algodão: é um coproduto resultante da remoção da pluma da semente do algodão para ser usado na indústria têxtil. O caroço possui características de concentrado proteico e energético, pois possui alto teor de PB (em torno de 23%) e bom valor energético devido ao alto teor óleo contido dentro dele. Por causa deste óleo há uma limitação no uso do caroço, pois o excesso pode comprometer a digestibilidade da fibra e o crescimento microbiano. Além disso, possui um composto chamado gossipol, que em grandes quantidades é tóxico para os animais. Se utilizado conforme recomendação, é um ótimo alimento para a vacas leiteiras, pois além de ter boas características nutricionais, ele promove a ruminação e contribui para aumentar a gordura do leite. Recomenda-se fornecer no máximo 3 kg/vaca/dia.
  2. Farelo de algodão: também é proveniente do processamento do algodão, e possui alto teor de PB (28 ou 38%). A substituição total do farelo de soja por farelo de algodão pode ser feita, sem afetar a produção e o teor de proteína do leite, para vacas com produção abaixo de 20kg/dia.
  3. Resíduo úmido de cervejaria: é muito utilizado por produtores que se situam próximos às indústrias, devido ao alto teor de água que limita o transporte e armazenamento. Possui teor de PB variado (de 24 a 28%) e alto teor de fibra, podendo substituir também parte do volumoso.

O que deve ser avaliado na utilização de coprodutos ?

O principal ponto a ser avaliado na utilização de coprodutos é o benefício econômico, seja reduzindo custo ou melhorando o desempenho dos animais. É preciso ficar atento ao transporte, logística, armazenamento, teor de matéria seca e composição nutricional. E é sempre recomendado fazer uma análise bromatológica do material, para poder trabalhar com segurança e formular concentrados que irão atender às exigências dos animais.

Faça seu planejamento, avalie as  opções de coprodutos na sua região e cuide do seu rebanho sem esquecer do custo de produção.

UTILIZAÇÃO DE COPRODUTOS AGROINDUSTRIAIS NA ALIMENTAÇÃO DE BOVINOS – XI Congresso sobre Manejo e Nutrição de Bovinos CBNA disponível em https://www.researchgate.net/publication/259477855_Co-produtos_Agroindustriais_na_Alimentacao_de_Bovinos

Uso de co-produtos na alimentação de vacas leiteiras – Educapoint. Disponível em https://www.educapoint.com.br/blog/pecuaria-leite/uso-co-produtos-alimentacao-vacas-leiteiras

NETO, João Gonsalves. Manual do Produtor de Leite. 1ed. Viçosa. Aprenda Facil,2016

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Autora:

Eduarda - Autora do conteúdo Controle estratégico de carrapatos

Eduarda Pereira Viana

Zootecnista pela Universidade Federal de Viçosa com grande experiência em qualidade do leite, tendo atuado por mais de 9 anos junto aos produtores de variadas regiões do país.

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