A palavra do momento no Brasil é CRISE… Momento este muito delicado para todos os setores do país. Sabemos que nas fazendas de leite existem vários setores que podem tornar a fazenda mais ou menos eficiente economicamente. O principal custo da propriedade é a alimentação, portanto, reflitamos sobre: como estamos lidando com os ALIMENTOS? Estamos dando a devida atenção a este fator tão importante?

Desde a produção de silagens até a escolha dos grãos para o concentrado é preciso focar na qualidade do alimento produzido e/ou comprado. Silagens mal feitas acabam gerando perdas de matéria seca, principalmente como resultado de uma má fermentação. Os grãos, por sua vez, tem sido comprados por vários produtores apenas mediante uma avaliação por preço, adquirindo os mais baratos sem avaliação alguma sobre a qualidade do mesmo. Esse tipo de economia gera lucro no final das contas? Vamos entender um pouco mais as micotoxinas que surgem nos alimentos e as consequências que elas podem causar.

Micotoxinas são substâncias produzidas por fungos, que normalmente são produzidas como uma defesa desses microrganismos. Todos os alimentos que são manipulados por nós estão sujeitos a contaminação por fungos. O crescimento deles pode ser “estimulado” pelo calor e umidade. As micotoxinas por consequência podem ser produzidas por qualquer tipo de fungo.

A produção dessas toxinas acontece diante de várias situações:

  • Estresse nas plantas: baixa fertilidade do solo, lesão causada por insetos, alta/baixa temperatura e umidade;
  • Colheita: colheita tardia, enchimento do silo lento e contaminação com solo;
  • Armazenamento: grãos com alta umidade, falhas no fechamento do silo, fermentações indesejadas nos alimentos ensilados;
  • Alimentos fornecidos: exposição a umidade, baixa higiene dos cochos e dos equipamentos (misturadores e vagões misturadores).

A presença de vários tipos de fungos e micotoxinas significa que os sintomas podem resultar em múltiplas e confusas características, o que dificultam o diagnóstico mais correto do problema.

Principais fungos e micotoxinas encontrados nos alimentos dos animais:

Fusarium

Deoxynivalenol (DON)

Zearalenona

T-2

Fumonisina

Ácido Fusárico

Originado da Lavoura

Originado da Lavoura

Penicillium

Ochratoxina

Patulina

Citrinina

Toxina PR

Ácido penicílico

Aspergillus

Aflatoxina

Ochratoxina

Fumitoxinas

Gliotoxina

Sterigmatocistina

Sintomas comuns diante da presença de micotoxinas incluem:

  • Baixa performance
  • Problemas reprodutivos
  • Laminite
  • Imunidade inadequada/falha vacinal

Muitas estratégias podem ser usadas para controlar a contaminação por micotoxinas na ração animal. Evitar a monocultura irá minimizar a captura de esporos de fungos no solo e reduzir a possível contaminação por micotoxinas das lavouras. O cultivo do solo também reduz a contagem de esporos de fungos no solo e a possibilidade de micotoxicoses. Os fungicidas podem ser aplicados no campo, na pré-colheita, para controlar o crescimento de fungos.

Os grãos podem ser processados para remover as impurezas leves, já que essas pequenas frações de grãos quebrados muitas vezes são as partes mais contaminadas de grãos de cereais, na medida em que os revestimentos exteriores naturais de proteção são violados. Os inoculantes para silagem reduzem o pH da silagem. Isso mata esporos de bolor e estabiliza a silagem. Os inibidores dos fungos podem similarmente baixar o pH de grãos com umidade elevada em armazenamento para evitar a deterioração ao longo do tempo.

Os adsorventes de micotoxinas são mais adequados para os desafios com multiplas micotoxinas observados na alimentação de ruminantes. Estudos sobre alimentação de gado leiteiro com um TMR contendo múltiplas micotoxinas Fusarium (principalmente DON (desoxinivalenol, vomitoxina)) indicou que o efeito mais importante de tais dietas foi a imunossupressão. Isso pode resultar em problemas de saúde prolongados no rebanho, animais que não respondem aos medicamentos e falha nos programas de vacinação. O declínio da saúde do rebanho é provavelmente o maior custo econômico das micotoxinas de origem alimentar. O uso de um adsorvente polimérico glucomanano impediu grande parte da imunossupressão.

Quando a contaminação com micotoxinas não pode ser evitada, os adsorventes de micotoxinas podem ser uma ferramenta muito eficaz para prevenir a redução do desempenho animal. Além de trabalhar com este aditivo de forma preventiva, é preciso evitar presença de fungos nas silagens, ter mais critério na compra de subprodutos e do milho, além de cuidados básicos na higiene dos alimentos e do processo de alimentação do rebanho.

Autor: Daniel Navarro, zootecnista pela Universidade Federal de Viçosa, mestre em Produção de Ruminantes pela Universidade Federal de Viçosa. Atualmente é Gerente de Vendas – Equipe de Ruminantes – Alltech do Brasil.

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