Conheça os principais distúrbios metabólicos que acometem as vacas no pós-parto e saiba como preveni-los.

 

O pós-parto das vacas leiteiras é um período extremamente importante e delicado, onde ocorrem profundas mudanças metabólicas e hormonais. Deve-se ter uma atenção especial com os animais nesta fase, principalmente se as vacas forem de alta produção, pois tudo que ocorre nas duas semanas após o parto irá afetar toda a lactação do animal.

No período inicial de lactação, a vaca não consegue ingerir a quantidade ideal de alimentos e nutrientes que necessita para produzir leite, e acaba entrando numa condição chamada de balanço energético negativo.

Para conseguir produzir leite, o organismo utiliza as reservas corporais (tecido adiposo) para fornecer os nutrientes necessários, e com isso o animal perde peso.

O balanço energético negativo é uma condição normal e natural que acontece com todas as vacas, visto que o pico de produção de leite ocorre por volta de 4 semanas após o parto, ou seja, antes do pico de consumo de alimento, que só ocorre por volta da 8ª a 10ª semana. O problema acontece quando há um excesso de mobilização de gordura, devido ao escore de condição corporal inadequado após o parto.

Conheça os principais problemas que acometem as vacas no período pós-parto

  • Cetose

É um distúrbio metabólico que está diretamente relacionado ao balanço energético negativo, principalmente quando a vaca possui um alto escore de condição corporal, ou seja, está muito acima do peso recomendado na hora do parto.

O escore de condição corporal (ECC) serve para avaliar a quantidade de gordura corporal que a vaca possui, e é analisado numa escala que varia de 1 a 5, onde 1 a vaca está extremamente magra e 5 está extremamente gorda. O recomendado é que no momento do parto o ECC esteja entre 3 e 3,5. A imagem abaixo mostra os graus de ECC.

Vacas no Pós parto

Quando ocorre a mobilização de gordura corporal, há um aumento na concentração de corpos cetônicos no sangue. Esses corpos cetônicos são a acetona, o betahidroxibutirato(BHBA) e o acetoacetato. Estes compostos são utilizados como fonte de energia, mas quando estão em excesso eles se acumulam no fígado e podem causar esteatose hepática e hipoglicemia. De acordo com Santos (2006), vacas com cetose no início da lactação podem reduzir a produção de leite de 1 a 4 kg/dia.

A melhor forma de evitar quadros de cetose é acompanhar o ECC, que no momento do parto deve estar entre 3 e 3,5. Também deve-se fornecer uma dieta balanceada, de forma a maximizar a ingestão de matéria seca e minimizar a mobilização de gordura corporal.

  • Hipocalcemia

É um transtorno metabólico relacionado às concentrações de cálcio no sangue logo após o parto. É de extrema importância devido aos prejuízos que ela causa, como custos com tratamentos, mortes e complicações secundárias que podem surgir em decorrência da hipocalcemia, como retenção de placenta, mastite e deslocamento de abomaso.

As principais causas da hipocalcemia são a perda excessiva de cálcio pelo colostro, diminuição da absorção de cálcio intestinal após o parto e resposta lenta o paratormônio.

As vacas são diagnosticadas com hipocalcemia de acordo com o nível de cálcio no sangue, sendo:

Calcio > 8,0 mg/dL = normal

De 5 a 8mg/dL = hipocalcemia subclínica

<5mg/dL = hipocalcemia clínica

A baixa concentração de cálcio compromete a função muscular, afeta a imunidade e potencializa o surgimento de outras doenças. Para se evitar a hipocalcemia, tem-se utilizado dietas aniônicas aliadas ao fornecimento de forragem com baixo teor de potássio.

  • Deslocamento de abomaso

Afeta principalmente animais de grande porte e alta produção, que tendem a comer grandes quantidades de concentrado no início da lactação. A fermentação dessas quantidades de concentrado aumenta a produção de gás e diminui a motilidade do abomaso, podendo distender e provocar o seu deslocamento.

De acordo com Santos (2006), vacas com escore corporal acima de 4 possuem maior chance de deslocamento de abomaso.

O custo com a correção do deslocamento de abomaso é alto, e essa enfermidade está associada à diminuição da produção de leite.

Para evitar que isso ocorra, é recomendado ir aumentando a quantidade de concentrado fornecido desde o pré-parto, para adaptar o rúmen a uma dieta com maior taxa de passagem e limitar a quantidade de concentrado no pós-parto imediato. Aliado a isso, fornecer também fibra de boa qualidade e com adequado tamanho de partícula

Santos, Marcos Veiga dos; Fonseca, Luiz Fernando Laranja da. Controle da mastite e qualidade do leite – Desafios e soluções. 1ed. Pirassununga. Edição dos autores.

O que afeta a composição e a qualidade do leite? Aprenda Fácil editora. Disponível em https://www.afe.com.br/noticias/o-que-afeta-a-composicao-e-a-qualidade-do-leite#:~:text=Outros%20fatores%20que%20afetam%20a,nutri%C3%A7%C3%A3o%20e%20incid%C3%AAncia%20de%20doen%C3%A7as.

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Autora:

Eduarda - Autora do conteúdo Controle estratégico de carrapatos

Eduarda Pereira Viana

Zootecnista pela Universidade Federal de Viçosa com grande experiência em qualidade do leite, tendo atuado por mais de 9 anos junto aos produtores de variadas regiões do país.

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